Em época de autárquicas, torna-se quase inevitável não focar o assunto. No entanto há formas díspares de abordar a questão. A crítica é quase sempre a mais utilizada. Uns poderão utilizá-la com o propósito de destruir, outros poderão fazê-lo construtivamente. Para mim, o simples facto de existirem candidaturas, quase por si merecem o meu total respeito. Daí nunca ter visto com bons olhos as tentativas destrutivas e ter sempre enveredado pela proposta honesta de soluções alternativas, caminhos possíveis e métodos para ultrapassar determinados obstáculos que se apresentem. Sempre achei esta opção mais clara, mais producente e inclusive mais enriquecedora para o indivíduo que a segue.
Nesta corrida às autárquicas há sempre uma ímpeto que julgo importante sublinhar e que não é mais do que “ousar” . Como dizia o filósofo Inglês, Francis Bacon, “Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar”
Ora bem, uns tentarão, outros nem por isso. Uns saberão, outros nem por isso. Uns terão oportunidade para mostrar que sabem, outros nem por isso. Uns conseguirão, outros nem por isso!
Mas o que daqui resta como elemento despoletador é o sentimento de ousar, de sonhar, de concretizar. E esse sim, deve ser valorizado. Os intervenientes às autarquias devem sabê-lo valorizar, mas sobretudo os eleitores devem sabê-lo compreender. Compreender para depois depositar a esperança naqueles que da melhor forma, da mais clara e sincera, souberam ousar!
E para isso é necessário que o próprio eleitor trace diagnósticos e veja se as soluções apresentadas vão de encontra aos seus anseios. Tentemos fazer isso.
Évora é sem dúvida uma cidade linda, tanto em termos patrimoniais, como populacionais ou paisagísticos. O Alentejo e os alentejanos que a preenchem são dádivas divinas pela sua alegria, bondade e riqueza cultural. Mas não vive disso, nem poderá continuar a viver, uma cidade como esta.
É necessário largar amarras com o passado e edificar o futuro. É necessário arranjar métodos que permitam aos eborenses e àqueles que descobrem estas lindas paragens, formas de se fixarem. Como se compreende que não exista um tecido empresarial, um tecido industrial? Como pode subsistir uma cidade baseada apenas nos serviços? Temos a sorte de estar já a apenas uma hora de Lisboa, mas ainda assim nunca existiu ninguém que arranjasse medidas que visassem por, definitivamente, fixar aqui entidades empregadoras na indústria ou nas empresas! Um ou outro caso esporádico não chegam! Basta de viver à sombra da Tyco ou agora na dos aviões! É preciso mais, muito mais...
Na cultura...como se explica esta inércia, este vazio? Já chega de um poder instalado e murcho como é o CENDREV! Como é possível não se constituir, sob responsabilidade da Câmara directa, uma equipa que preencha faustosamente o calendário com as mais diversas actividades culturais. Há falta de espaços para tal, mas enquanto tal omissão não fosse ultrapassada, o engenho e a arte poderiam sobrepor-se a isso! Ou vamos viver também aqui à sombra de qualquer coisa, neste caso específico, do património? É que este serve de desculpa para tudo...
Serve para não incentivarmos, nem melhorarmos o nosso turismo, que nada oferece aos que nos visitam por forma a garantir a sua permanência. Serve para nos desculparmos com impossibilidade de melhorarmos a cidade em termos estruturais, se bem que ainda assim tem sofrido alguns atentados últimos às muralhas. Serve para nos desculparmos com as rendas exorbitantes que são praticadas, sem que exista fiscalidade ou soluções para terminar com a especulação. Enfim, serve para muito...
Évora precisa de evoluir, de acompanhar o tempo, de se afirmar como motor do Alentejo e não se deixar ultrapassar em tudo e por todos! Mas acima de tudo Évora necessita de um eleitorado informado, exigente, com espírito crítico, com visão e que queira avançar num caminho de qualidade e responsabilidade, sentindo que o seu voto pode mudar muito!
E a construção do fórum? Não terá Évora, necessidade de um núcleo comercial que satisfaça as necessidades da população?
O comércio tradicional não preenche as necessidades de uma cidade que (queremos nós) está em constante evolução.