Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Muitos querendo nada!

Lamento a "quase" repetição do tema, mas aqui vos deixo mais um post transformado em crónica:
No rescaldo de qualquer momento eleitoral fazem-se análises diversas. No rescaldo de umas autárquicas poder-se-á fazer a análise de um país. Sinto-me privilegiado para o fazer. Atendendo a certos compromissos, tive oportunidade de percorrer este país de lés-a-lés durante o período de campanha para os combates autárquicos. Tive oportunidade de conhecer o país. De conhecer melhor as suas gentes, os seus políticos, os seus partidos no terreno, os seus candidatos, os seus problemas, enfim...tive oportunidade para tirar uma série de radiografias a uma série de regiões e concelhos.
Foi tremendamente cansativo, mas extremamente pedagógico. Vi "fins do mundo" de pasmar pela sua beleza, vi um país em que a diversidade ainda impera. Vi a cultura portuguesa nas suas mais diversas correntes. Vi as suas gentes sãs, o alento que as estimula, o calor que libertam quando nos acolhem, a simpatia que trazem nos olhos e a enorme boa-vontade que lhes preenche o coração! Vi o país real que coberto pela área ardida, fogos presentes e seca extrema, continua a viver por prazer, por gosto, por amor à terra!
Mas assustei-me! Para além de outros problemas, de outros obstáculos, vi todo um país querer o mesmo. Todos por esse país queriam um mesmo modelo...um mesmo modelo que está esgotado...um mesmo modelo que não serve a todos!
Todos querem Auto estradas, todos querem Universidades, todos querem Turismo de excelência, de elite, todos querem campos de Golfe...Todos querem o mesmo modelo, independentemente se lhes serve ou não...se está esgotado ou não...se pode ser viável ou não!
Esta vontade, estes anseios, são o resultado do “desespero” causado pelas assimetrias que se constatam entre o mundo rural e o mundo urbano, entre interior e litoral, que em vez de se ir esbatendo corre riscos de aumentar. Mas mais do que isso, estes desejos surgem como resultado de um Portugal pobre e pouco qualificado que no interior vai ainda respirando.
Todos querem muito, sem quererem nada! Falta-lhes saber e conhecer, falta-lhes formação e qualificação, mentalidade e massa crítica, para exigirem mais, para exigirem diferente!
Infelizmente não tendo estas premissas referidas, julgam que resolvem o problema da interioridade e das assimetrias, importando Lisboa ou Porto para os seus concelhos, para as suas vilas, para o seu recanto de Portugal.
É lógico que existe a necessidade de desenvolvimento, mas nem tudo o que existe nas metrópoles poderá ser positivo e devidamente enquadrado em realidades tão distintas. Não seria bom para essas zonas, nem seria bom para a nação.
Cada qual, na sua cultura específica, no seu património único, na sua identidade geográfica, deverá encontrar soluções que lhe permita desenvolver projectos para captar atenções e dar prosperidade genuína à sua região. Só assim poderá ser sustentável, só assim poderá ser competitiva e a longo prazo frutífera.
Portugal merece desenvolver-se em toda a sua extensão, mas sem que isso seja adversário da sua identidade e diversidade.
Sigamos nesse sentido...
|| JMC - João Maria Condeixa, 20:52

0Comentários:

Add a comment

Site Meter BlogRating