Ao contrário do que poderão pensar alguns, a
Juventude Popular ao considerar não prestar o seu apoio institucional à candidatura de Cavaco Silva, não o fez pensando no estrelato, na provocação interna ou tão pouco agindo como
mandatários de esquerda. Fê-lo após reflexão e fê-lo revelando genuinamente aquilo que é a autonomia existente entre partido e juventude!
Se há uma separação temporal entre as gerações de ambas as estruturas, também é possível que exista divergência de opinião e que essa divergência possa ser manifestada sem prejuízo para nenhuma parte.
É um acto consciente da JP, é um acto maduro da JP...deverá ser um acto compreendido e visto de forma serena por parte do CDS! Não há mais para além desta questão!
É natural que Cavaco Silva não reuna consenso dentro dos mais novos da direita portuguesa. Ele não pertence à sua faixa ideológica, é um homem de centro esquerda, as suas qualidades técnicas enquanto economista, não serão tão úteis para este papel presidencial, como poderiam ser para a actividade ministerial, daí esse argumento não constituir uma tão franca mais valia. Não lhe são conhecidas (excepto algumas pontuais) posturas coincidentes com o CDS no que refere à responsabilização/função/intervenção do estado; no que se refere à interrupção voluntária da gravidez, ou no que se refere à agilização do aparelho estatal. Também não existem convergências quanto ao combate à toxicodependência , ou na carta de princípios que é a constituição portuguesa e que tanto também a JP critica.
Cavaco viveu em tempos de vacas gordas momentos atribulados que ninguém esquece. Ainda assim o país também o sabe distinguir de entre os restantes candidatos... Eu próprio sei, mas não me peçam para o apoiar como sendo alguém dos meus, alguém com quem me identifico! Isso custa demasiado e se eu sou crítico para com os de dentro, como não o poderei ser para com os de fora??
A autonomia da JP serviu bem e foi utilizada com maturidade e discernimento! Assim todas funcionassem...