A criação destas salas é chutar a bola para canto! O consumo, bem como o tráfico, não ficam resolvidos, os obstáculos não são transpostos, apenas se esconde uma realidade que carece de solução séria.
A avaliar pela medida, parece que o Estado pretende manter os toxicodependentes num estado letárgico, a fim de evitar outros problemas.
E assim é a dignidade da pessoa humana que fica posta em causa. Quer a do toxicodependente, humilhado ao ser assistido, quer a do assistente co-responsável por uma nova viagem ao flagelo.
Não conseguimos conceber a aplicação de dinheiros públicos para a manutenção deste martírio. Somos pela resolução pragmática dos problemas e nesse sentido jamais colocaríamos em questão a aplicação de verbas, no entanto, quando o que está em causa é o mascarar de uma realidade e a perpetuação de um sofrimento, julgamos não ser esse o caminho a seguir.
As salas de chuto implicam a desresponsabilização do Estado na sua mais perfeita acepção. Em primeiro lugar porque, a resultar, o que duvidamos, apenas permite diminuir o grau de exigência da sociedade para com o Estado quanto à resolução eficaz deste flagelo. Em segundo lugar, porque no seu regime jurídico é referido que “o acto de consumo é da inteira responsabilidade do utente”, ou seja, é criado espaço para o total descarte de eventuais problemas, bem como, o distanciamento frígido da própria acção.
A solução reside numa aposta forte na prevenção, na construção de mentalidades saudáveis, no combate esmagador ao tráfico, no apoio e promoção da desintoxicação e na reinserção sustentável e seu acompanhamento.