Quando um social-democrata, insatisfeito com Marques Mendes e desejando uma outra alternativa à liderança, pinta 3 quadros representando 3 partidos, ficamos sem perceber se se trata de realismo ou surrealismo intencional. Ainda assim, aprecio, em parte, o retrato esboçado. Quer isto dizer que não desgosto, embora discorde de muitos traços. Aqui vai:
Ribeiro e Castro sempre sofreu de um dilema, que nada tem a ver com o CDS/PP que conhecemos. É um democrata-cristão à moda antiga, honrado e sério, lutador e brilhante no discurso. É, como se viu, um homem sem medo, que vira um congresso com um discurso. Mas falta-lhe o essencial: não se revê no PP dos últimos sete ou oito anos, e o PP não se vê na sua moderação centrista e distanciada do combate político.Por isso têm uma bancada parlamentar combativa, que esbate o PSD, capaz de embaraçar politicamente Sócrates, sem remorsos do passado recente, nem com contas para ajustar, e tudo isso nada tem a ver com o líder, que faz recordar Freitas do Amaral quando regressou, mal, ao CDS, tentando colocá-lo numa posição que nada tinha com o seu espectro político natural.O PP é assumidamente um partido de direita, com naturais preocupações que derivam do seu conservadorismo cristão e de base social, mas pragmático e suficientemente agressivo para combater em todas as frentes.Assim sendo, e se ponderadas apenas razões estratégicas, o PP só beneficiaria se mudasse agora de liderança, porque ocuparia o espaço do PSD, na sua margem mais à direita, e seria a verdadeira oposição de direita e centro-direita no Parlamento, se Mendes continuar como líder.Por outras palavras, o PP, como sempre acontece, ocuparia o espaço vazio que o PSD está a criar e a alargar, e isso credibilizaria e alargaria a sua base de apoio. É um momento histórico que não se repetirá, e convém que a lucidez impere no novo congresso. É agora ou nunca, e oportunidades destas não se perdem nem se deixam passar, impunemente. Os outros partidos também lá estão pintados. Para os interessados na exposição bastará seguir o mesmo link...
No meu entender, embora eu seja defensora acérrima das directas, Marques Mendes deu um tiro no pé e ao aparecerem novos candidatos, que serão naturalmente mais carismáticos, poderá mesmo perder umas eleições directas, até porque os presidentes das distritais que correram imediatamente a dar-lhe apoio ainda não perceberam que a sua opinião deixou de ser decisiva para a eleição do lider.
Beijinhos