Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

quarta-feira, abril 26, 2006

Fazer Futuro

O que nos move na presente moção, não é o “tem de ser”, não é o formalismo, nem é a tradição. Move-nos a consciência de que temos de edificar uma geração crítica, ampla no debate, rica em conteúdos e dinâmica na acção.

Pertencemos a uma nova geração, uma geração de futuro que poderá dar muito a Portugal. Sentimos a necessidade de a representar, de garantir e indicar um rumo, de estimular a sua participação. Assim, temos de dar o exemplo, assim, temos de escorar o futuro!

Poderíamos ter seguido um caminho mais simples e menos turbulento. Mas se sentimos a responsabilidade e o chamamento de toda uma geração que grita por identidade, tínhamos de optar por quebrar com a desconsideração e fortalecer o CDS-PP com a nossa opinião, apresentada em igualdade de circunstâncias.

Se temos ideias e se achamos que elas têm valor, apenas a uma avaliação paritária nos poderíamos submeter. Devemos isso à nossa geração e ao futuro que sonhamos para Portugal.

Somos pelo respeito e pelo debate e é esta moção, um instrumento perfeito para demonstrar que um não é adversário do outro e que existe estreita possibilidade de conciliar os dois.

Não temos um projecto partitivo, nem uma ideia insolente ou megalómana, apenas acreditamos que a realidade pode ser melhorada e que merece que participemos nela.

Portugal está hoje preso por amarras da esquerda, onde o espírito destrutivo das nossas raízes democratas-cristãs e personalistas, vai saindo do seu casulo. Os socialistas alcançaram o poder de uma forma, mas a sua idiossincrasia não lhes permitirá aguentar muito mais tempo nesta pele. O executivo irá mudar de estratégia e aqueles que na esquerda estão sempre contra tudo e contra todos, não perderão tempo para os ajudar no ataque aos valores da direita. Temos de estar preparados para esse combate cultural, ideológico e doutrinário. O CDS-PP tem de atempadamente construir o seu projecto, assente em sólidas bases e ágil na sua articulação.

Acreditamos num novo paradigma com tudo o que de bom existia no velho, onde os efeitos de conservadores e liberais se façam sentir de forma equilibrada, almejando sempre o desenvolvimento sustentável de Portugal.

É incompreensível que uma nação tão pequena espacialmente, se mexa como um paquiderme na sua administração pública.

Queremos um Estado mais leve, menos interventivo, capaz de responsabilizar os seus cidadãos e neles incrementar espírito de produtividade, mas que em simultâneo, fomente uma cultura de exigência nos seus eleitores. Pois, nem tudo neste Estado pode arder sem que ninguém se queime. Tem de existir responsabilidade de parte a parte.

Mas esse Estado, que tem de promover riqueza de uma forma ágil, onde empresas fortes sirvam de locomotivas, não poderá nunca esquecer a parte humana, devendo sempre acautelar os mais desfavorecidos.

A pobreza não se combate com mantas de retalhos ou subsídios personalizados, combate-se tecendo uma longa teia de iniciativa privada que crie postos de trabalho, exporte a nossa qualidade, garanta rendimentos seguros e galvanize o espírito cinzento que os portugueses atravessam.

E para isso não podemos esquecer quem está na base. O sector primário não poderá nunca ser ostracizado. Por muito que o rótulo de subsídio-dependentes tenha sido colocado nos produtores agrícolas, nunca o CDS-PP poderá esquecer que não foram eles que criaram esta Política Agrícola Comum.

A PAC descontextualiza Portugal do panorama agrícola Europeu e a competitividade nesta área nunca será possível enquanto as regras não forem adequadas às características de cada nação. E se as causas edafo-climáticas constituem um risco para estes produtores, e que por isso devem ser auxiliados, o desaparecimento destes constitui um crasso risco de desertificação para o país.

O combate à interioridade tem ser assumido como uma prioridade. Para nos enquadrarmos de igual para igual num âmbito europeu, temos primeiro de limar as assimetrias internas. Há que apostar nas zonas onde o retorno é mais significativo e não um oásis como tem acontecido até hoje. O país tem de avançar em uníssono e as estatísticas não nos indicam tal procedimento.

Há que reforçar, então, apoios a empresas para se fixarem no interior. Há que auxiliar instituições de desenvolvimento e Universidades que rebocam toda uma população fixada no interior. Só assim teremos um progresso consistente, uma educação abrangente e um país coeso.

Já a educação também carece de atenção redobrada, não apenas pela sua pertinência no futuro do país, mas sobretudo, pela esponja financeira que se tornou sem se sentirem resultados. Talvez sejam necessários mais fundos ainda, mas para já, há que impor rigor e qualidade com o que temos. De nada serve investir, quando os efeitos não se fazem sentir.

Como em tudo a exigência, responsabilidade e rigor tem que começar pela base. Um bom sistema no pré-escolar tem de ser alcançado e se possível de forma a criar entre jardins de infância, uma economia de mercado, que com base na concorrência, estimule a descida dos tão inflamados preços. A família já está desprotegida em muitas áreas, não conseguindo suportar os custos que lhe exigem.

No ensino Secundário, temos de continuar a senda de criar uma flexibilização na aprendizagem, de forma a possibilitarmos uma diminuição do insucesso e abandono escolar e em simultâneo uma escolha consciente no acesso ao Ensino Superior.

O Ensino técnico-profissional tem, obrigatoriamente, de ser encarado sem desprimor e como uma realidade com futuro no mercado de trabalho. A escassez de quadros médios contribui em muito, para a falta de pessoal especializado, bem como, devido a esse défice, para a criação de economias paralelas difíceis de combater e que em nada contribuem para a criação de riqueza nacional.

No Ensino Superior a exigência é a mesma, apenas apresentada em contornos diferentes. Rigor: tem de existir na gestão dos orçamentos concedidos às instituições; tem de existir na aplicação do tratado de Bolonha; tem de existir na regulação dos Numerus Clausus (que, por exemplo, tantos danos causam no número de médicos em Portugal); por fim, tem de existir rigor na avaliação, que se quer isenta e consequente, dos cursos administrados e instituições existentes. Responsabilidade: tem de existir na criação de cursos e disciplinas, mesmo que do ponto de vista financeiro possa parecer atractivo, pois, tal como se tem comprovado, a médio prazo as galinhas dos ovos de ouro acabam; responsabilidade, tem de existir também nos docentes, quando leccionam, que deviam primar pelo culto da eficiência e dedicação, bem como nos discentes, que muitas vezes extrapolam nas suas atitudes. Exigência: tem de existir na atitude, quer devido à competitividade imposta por Bolonha, quer influenciado pelo mercado de trabalho, mas também porque só assim se mudam e despertam mentalidades.

E se nessa mudança de mentalidades tivermos a preciosa ajuda da célula mais importante da sociedade, melhor! É por isso que a família, pelo seu desempenho na formação do indivíduo, pela sua mais-valia, enquanto garante de segurança e não-violência, deve a todo o custo ser protegida. Tem de ser apoiada e todas as questões éticas, passíveis de a modificar, têm de ser combatidas pelo CDS-PP.

João Maria Condeixa

|| JMC - João Maria Condeixa, 13:07

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