A Juventude Popular, face às medidas anunciadas pelo governo para o Ensino Superior, vem considerar as intenções como positivas, embora receie que não passem disso mesmo. Até agora as ideias apresentadas pelo Ministro Mariano Gago têm-se limitado a figurar no papel, enquanto o terreno continua a padecer de acompanhamento.
Veja-se, por exemplo, a fragilidade da implementação do processo de Bolonha, que tem sido feita ad libitum sem qualquer coordenação superior. Quando se ouve falar em “profunda reforma” deste sector, a Juventude Popular estranha que não haja sequer o acompanhamento directo na mudança de paradigma que resultará de Bolonha. Para além disso e focando concretamente as medidas anunciadas, a JP considera quase impraticável que as instituições de Ensino Superior divulguem informação fidedigna acerca da empregabilidade dos diplomados. Não por incapacidade das próprias, mas por existirem máscaras estatísticas que maquilham o desemprego de recém-licenciados. De que serve projectar falsas esperanças e construir mercados virtuais?
Quanto à racionalização da oferta dos cursos, tememos que o ministério fique refém das ordens profissionais, tal como tem sucedido em medicina, o que resulta no cenário que tão bem conhecemos. No entanto, depositamos a mais profunda esperança no ordenamento do Ensino Superior, tal é a sua gritante necessidade. Face à rede de ensino que hoje é disponibilizada, consideramos não ser correcto manter excepções. Até porque são foco de fraude e permeabilidade injusta, pelo que o seu terminus é aplaudido pela JP. Apenas alertamos para a realidade africana, que ainda encontra em Portugal a ajuda essencial para ultrapassar uma descolonização mal organizada e assim prosperar pelos seus próprios meios.
Quanto à reforma do sistema, defendemos uma maior autonomia, uma maior responsabilidade, mas acima de tudo uma maior exigência por parte do ministério.
Queremos critérios objectivos na gestão, que se quer profissional; na avaliação, que se quer isenta e frutífera; e no acompanhamento, que servirá para implementar um processo de Bolonha que não tenha pés de barro. Três premissas que não podem vacilar e que até agora parecem ter sido totalmente descuradas por Mariano Gago.