As relações entre Angola e Portugal estão de novo na ribalta, muito à custa do primeiro jogo do mundial que confrontou as duas selecções. Aproveitando a temática, nascem documentários. A RTP1 cruza o oceano, muda de continente e vai até Angola testemunhar as relações que lá se dão entre portugueses e angolanos.
O país está agora em paz. Infelizmente o seu potencial ainda não emergiu e, provavelmente, tão cedo não o fará. Mas já é um sonho "americano" para os portugueses. Aquele país africano apresenta nos dias que correm um crescimento económico na ordem dos 20%. Algo de extraordinário, mas algo de muito mal distribuido. A culpa é provavelmente da guerra que, ainda fresca na memória, alimenta determinados grupos e compadrios, interditando a outros o retorno da riqueza produzida. Os interesses são muitos e pelo que vi na RTP1 arriscam-se a edificar um novo Brasil, assente nas assimetrias.
Entretanto o português vai lá experimentar a sorte. E pelo que também vi, é Rei! Vive o que não vivia por terras lusitanas, saboreia o que lhe estava negado e usufrui do que somente tinha sonhado. E não olha para o lado. Não vê o resto do cenário e fomenta a separação entre massas humanas. (este discurso parece quase comunista, mas não é! É anti compadrios, que por sinal são de esquerda, mas que até podiam não ser!)
Mas esse português que lá chega, que tem toda a legitimidade para crescer e para lutar pelos seus interesses, só peca por não olhar para o lado. Que me perdoem ao generalizar, mas pareceu-me, ao ver a RTP1, que o dito português se estava a vingar, deseducadamente, do que por terras ibéricas se queixava. Uma espécie de olho por olho, dente por dente. À semelhança do que se passou muito antes da descolonização, quem estava mal por cá, mudava-se para as colónias em busca do seu quinhão e se possível de um bocadinho de poder para se desforrar do que tinha passado. Mais uma vez peço desculpas por generalizar, mas por lamentar esses tipos de comportamento é que julgo importante denunciá-los!
Há que aproveitar e explorar novos mundos e novos mercados, não digo o contrário, mas há que fazê-lo conscientemente, honradamente, ajudando o próximo e a economia de um país no seu todo! Os portugueses que para lá vão, têm de se desencalhar a si próprios e, como verdadeiros "gentlemans", também os outros que os recebem!