O país viveu à beira da luxúria. Extasiado elevou os jogadores ao título de heróis. Com eles subiu o treinador brasileiro. Foi de bom tom esse reconhecimento. Era merecido. Tinham alcançado uma etapa difícil e tinham mostrado a força desta pequena nação. Jogaram bem. E ontem jogaram muito bem. Talvez da melhor forma em todo o mundial. Mas a má moeda expulsou a boa moeda. Nem sempre quem merece continuar, consegue fazê-lo, pois a sorte e o azar também jogam.
E num país que vibrava e enaltecia os seus heróis ao esplendor máximo, começavam a ouvir-se vozes críticas. Vozes vazias a denegrirem aqueles que glorificavam até então. De um segundo para o outro desmoronavam eles próprios um sonho que não jogaram em campo, enquanto no terreno os guerreiros se mantinham a combater e a tentar ir um passo mais além.
De um segundo para o outro o brasileiro deixara de ser irmão e campeão do mundo, para passar a ser a escumalha das ralés.
É triste que o reconhecimento seja tão fugaz. Que a opinião seja tão vã e com tão pouco coração. É triste que essas punhaladas de Brutus sejam tão populares neste país. Eu ontem, mas também noutros tempos e noutros jogos e modalidades diferentes, presenciei tal pobreza de espírito.
E aprendi que num momento se perde, noutro se ganha e que muitas pessoas não entendem isso, pois nunca sequer tentaram ou ousaram como aqueles que jogaram ontem à noite!