Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.
Via ontem na TV, mestres e doutorados no desemprego. Provavelmente vítimas de áreas pouco apetecíveis à indústria portuguesa. Mas se a indústria não existe ou teima em desaparecer, que áreas podem ser oportunas?
Tirem pós-graduações, mestrados e outras coisas mais, que mais tarde o mercado recompensa-vos, entretanto alimentem as instituições de ensino superior que estão famintas de galinhas de ovos de ouro e não chateiem.
E deu-se isso mesmo. Os licenciados acabaram os cursos. Ingressaram em estágios enganosos que ao fim de 9 meses lhes possibilitava levar um chuto para a rua e assustados recorriam ao mestrado a fim de aumentarem as suas competências. Não interessava a área, o nome “mestrado” era suficientemente forte.
Depois, aí sim, sem escapatória aventuravam-se de novo no mundo do emprego. Recibos verde, pois claro! Ali no limbo é que vale a pena viver. Entretanto são despedidos justamente na altura em que os filhos mudam de sapatos todos os meses. Ingressam no subsídio de desemprego até que, desesperadamente, aceitam emprego numa área totalmente diferente daquela que lhes enchia os sonhos. O vaivém de empregos sucede-se porque a frustração, desinteresse pela área e procura por outros que tais pelo respectivo lugar são mais fortes.
Aos 40 e muitos estão novamente no desemprego. Desta vez sem lugar para preencher durante tempo indefinido, porque não há grandes oportunidades para esses idosos. É que já lá existem nos ditos lugares verdadeiros idosos à espera de atingirem, a bem da sustentabilidade, os 65 anos.E é assim que esta geração pode vir a pensar viver. Lamento ter sido cinzentão, mas acho que de verde está já meio mundo cansado.