Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Vaivém, meu filho...

Via ontem na TV, mestres e doutorados no desemprego. Provavelmente vítimas de áreas pouco apetecíveis à indústria portuguesa. Mas se a indústria não existe ou teima em desaparecer, que áreas podem ser oportunas? Certo é, que durante muitos anos a ordem que os pensadores do mercado deram, foi esta:

Tirem pós-graduações, mestrados e outras coisas mais, que mais tarde o mercado recompensa-vos, entretanto alimentem as instituições de ensino superior que estão famintas de galinhas de ovos de ouro e não chateiem.
E deu-se isso mesmo. Os licenciados acabaram os cursos. Ingressaram em estágios enganosos que ao fim de 9 meses lhes possibilitava levar um chuto para a rua e assustados recorriam ao mestrado a fim de aumentarem as suas competências. Não interessava a área, o nome “mestrado” era suficientemente forte.

Depois, aí sim, sem escapatória aventuravam-se de novo no mundo do emprego. Recibos verde, pois claro! Ali no limbo é que vale a pena viver. Entretanto são despedidos justamente na altura em que os filhos mudam de sapatos todos os meses. Ingressam no subsídio de desemprego até que, desesperadamente, aceitam emprego numa área totalmente diferente daquela que lhes enchia os sonhos. O vaivém de empregos sucede-se porque a frustração, desinteresse pela área e procura por outros que tais pelo respectivo lugar são mais fortes.

Aos 40 e muitos estão novamente no desemprego. Desta vez sem lugar para preencher durante tempo indefinido, porque não há grandes oportunidades para esses idosos. É que já lá existem nos ditos lugares verdadeiros idosos à espera de atingirem, a bem da sustentabilidade, os 65 anos.E é assim que esta geração pode vir a pensar viver. Lamento ter sido cinzentão, mas acho que de verde está já meio mundo cansado.


|| JMC - João Maria Condeixa, 21:17

4Comentários:

Não posso estar mais de acordo. Não poderias deixar de ser cinzentão, porque o cenário é esse mesmo. à custa disso uma nova vaga de emigração qualificada e recém licenciada está a acontecer. Pessoas da minha antiga turma da faculdade já emigraram duas, uma outra vai emigrar para o ano. É o que temos. A europa é cada vez mais o nosso pais.
Anonymous Anónimo, at 11:58 da tarde  
Gisela, é realmente uma fuga a que assistimos.Pela primeira vez emigram quadros superiores, ao mesmo tempo que se assiste ao crescimento do buraco em quadros médios e técnicos. Pelos vistos vamos ficar sem nada, nem ninguém. E se tivermos em conta que para as indústrias, com esta carga fiscal existente, o futuro também não é aliciante, o mais certo é esta tendência se agravar!
Blogger JMC - João Maria Condeixa, at 12:16 da manhã  
Empreendedorismo João Condeixa, a resposta pode estar na livre iniciativa, na capacidade de aceitar o risco e, falhando, tentar de novo. Só criando empresas se cria emprego e riqueza. Sei que é difícil mas acho que é melhor do que passar anos há espera de algo que já não existe, a carreira só porque se tem canudo. E sei que também pensas assim.
Anonymous Anónimo, at 11:56 da manhã  
Nem mais. Acredito que apostando no empreendorismo, na criação de empresas e consequentes postos de trabalho conseguimos vencer este lodo pestilento.Acredito que há aí uma janela de oportunidade para muitos desde que bem equacionadas todas as variáveis, mas também acredito que é tremendamente díficil lançar essa esperança enquanto o estado retiver 40% dos frutos do nosso suor.
Blogger JMC - João Maria Condeixa, at 2:29 da manhã  

Add a comment

Site Meter BlogRating