Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Em resposta ao SIM III*

Um dos pontos que neste blog já referi (aqui) e que volto a reforçar, é a resposta a uma pergunta que o SIM não faz. Não deverá ter o Pai a mesma influência sobre o feto que a Mãe?
a) Sendo o resultado de uma consentida relação a dois, com a consequente conjugação de metade da carga genética de cada interveniente, seria natural que os direitos e deveres fossem idênticos. E antes que alguém traga exemplos estranhos, lembrem-se que por esse mundo fora cada vez mais se vão equiparando os sexos quanto à custódia dos filhos.
b) "Por opção da mulher" deixa qualquer homem de fora. Bem sei que actualmente já assim é se a mulher o entender, mas não quer isto dizer que o homem concorde ou que deva o Estado apoiar.
c) E eis o segundo gume da faca: se as duas alíneas anteriores focavam pais estremados, outros há que assim não são. E aí, o SIM abre-lhes uma oportunidade única. Coagir a prática de aborto sob a protecção estatal. Ao contrário daquele que é o percurso que a humanidade considera natural (combate à violência doméstica, a maus-tratos sobre mulheres, a despedimentos sem justa causa...) passará a dar-se permeabilidade à acção de alguns "Pilatos" malfeitores ou apenas irresponsáveis. E ainda dizem que acabará a perseguição!
* garanto que a imagem com a "deixa" patente nos balões foi encontrada por acaso e que embora não tenha sido manipulada, certamente que o contexto é bem diferente.
|| JMC - João Maria Condeixa, 05:24

4Comentários:

Embora seja uma firme defensora do "sim", não posso deixar de concordar que o pai deverá ter uma palavra a dizer. Na questão da custódia dos filhos, a mãe terá à partida a simpatia do juiz. Porquê? Porque embora o pai tenha iguais direitos sobre a criança, e indiscutível capacidade de a criar e educar, a mãe tem um elo físico com a criança. E a verdade é que, a mulher tem o direito de fazer o que bem entende com o seu corpo, sendo ou não moralmente aceitável aos olhos de algumas pessoas. Se os defensores do "não" acham que ao fazer um aborto, a mulher exerce um direito, que não tem, sobre alguém que ainda não nasceu, eu acho que ao impedi-la de fazer o aborto (em segurança), estão a exercer um direito (que não têm) sobre o seu corpo. Quem será mais arrogante?
Anonymous Anónimo, at 12:51 da manhã  
Não percebo. Concorda que o pai tem uma palavra a dizer, mas vota SIM a uma pergunta que permite o aborto "se realizada, por opção da mulher"...E atenção, a mulher não exerce um direito sobre o seu corpo, exerce sobre outro. Que eu saiba o "Não" não hipoteca o futuro de ninguém. Se quiser até pode deixar o bebé para adopção, caso não queira ou não consiga ultrapassar os sacrificios que obriga, mas não precisa de lhe travar uma hipótese.
Blogger JMC - João Maria Condeixa, at 7:17 da tarde  
E se a mulher não quiser levar a gravidez até ao fim? Tem de o fazer? Se não estiver disposta a sujeitar-se a isso para, posteriormente, dar o bebé para adopção? Além disso, discordo quanto ao direito sobre o seu corpo. Se uma mulher não tem direito sobre o seu próprio corpo (ainda que haja um corpo em formação dependente do seu), quem terá? Ninguém tem mais direito sobre o seu corpo que ela. Quanto à questão do pai, concordei, embora ache que tenha de se remeter à consciência da mãe, pois será ela a principal visada. Quer queiramos, quer não, a decisão final terá de ser, forçosamente, sua. O pai está, geneticamente e emocionalmente, ligado ao bebé, mas não é ele que vai ter de passar 9 meses a gerar uma criança indesejada. Há que aceitar que para a maioria de nós (e incluo-me nesse grupo), o nascimento de uma criança seja uma benção, mas para algumas pessoas, é um fardo que terão de carregar.
Anonymous Anónimo, at 5:45 da tarde  
Acredito que ninguém recorra ao aborto por "dá cá aquela palha", mas temo que assim se torne através do SIM. Basta ver o início do seu comentário: "se não quiser", "se não estiver disposta". O egoísmo é a mais triste das razões para o aborto!E mais uma vez, a mulher tem todo o direito sobre o seu corpo, daí existirem contraceptivos (preservativos, pílula,pílula do dia seguinte, não chegam?) para prevenirem que o exerça sobre terceiros! É que esse (o feto) é que não tem defesas absolutamente nenhumas, nem outras hipóteses. A mulher já tem!
Blogger JMC - João Maria Condeixa, at 2:48 da tarde  

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