Diz-se que Paulo Portas é uma espécie de político-tuning. Que sempre que volta, aparece com dois ailerons novos e uma série de ideias inovadoras e cada vez mais aerodinâmicas. Dizer-se isto, pode ser considerado um elogio, mas também pode ser colocado no sentido depreciativo. Dizer-se só isto, é não compreender a verdadeira essência de Portas. É não compreender que a costela liberal que agora apresenta, sempre lá esteve, esperando por poder aparecer. Mas primeiro, e aí todos lhe tiram o chapéu, tinha de preparar o terreno e deixar que também outros o fizessem de maneira a que a dita visão liberal não fosse tão estranha, abrupta e descontextualizada. Hoje, em simultâneo com essa evolução de Paulo Portas, houve uma mudança parcial da sociedade portuguesa que já vê com bons olhos essa corrente política. Que já não a estranha, nem com ela se preocupa. Que até já consome a New Yorker! Em grande parte a blogosfera tem aí responsabilidade e algumas obrigações paternais. Muito há, ainda, que desmistificar. Mas já é possível começar a trabalhar. Já é possível Paulo Portas aparecer como sempre quis!
É o ir embora quando as coisas tão negras e deixar que outros limpem o nosso lugar sujo, para depois voltar quando o lugar já está limpo e já não se tem de ter trabalho a limpá-lo... Assim se joga com a memória das pessoas, que, como toda a gente sabe, é curta...