Hoje reparei, vítima do tempo de espera no café, que toda aquela geração do Vá-Vá na Av. de Roma deu origem a uma geração dependente. Dependente não só do Estado, tal como os seus progenitores o reivindicaram, mas dependente a muitos outros níveis. Ficaram amarrados à imagem de "armados ao intelectual" dos seus pais, cujo café prolongado após o almoço e em hora de expediente não dispensam. Ficaram presos ao próprio café (entenda-se estabelecimento comercial com concorrência directa, não assimilada, nem sequer experimentada). Ficaram reféns de uma vida cosmopolita muito típica de Lisboa, onde o ponto alto da convivência social se dá naquele local. E ficaram de tal maneira dependentes, que hoje, esses filhos com 30 e poucos anos, ainda tomam o cafézinho acompanhados pelo pai ou pela mãe antes de partirem para esse local infernal a que chamam emprego. Libertar-se-ão das saias dos seus pais a tempo de se vangloriarem, como fazem hoje os seus progenitores quando falam do pós-25 de Abril?
Não há dúvidas que os cafés podem ser casas de hábitos. Ao ponto de não se perceber que tudo em seu redor mudou!