Por cada recém-licenciado que o país produz e que não encontra emprego na sua área, estilhaça-se uma granada sobre todos os contribuintes numa série de flancos. Em primeiro lugar, porque pode significar, no nosso caso significa mesmo, que a rede de ensino superior está desadequada em termos de oferta, à procura real, o que revela a falta de eficiência e má gestão de recursos. Em segundo lugar, porque o país ao produzir uma ferramenta que não virá a ser utilizada no que lhe compete, impute sobre si próprio um custo de oportunidade enorme que irá pagar caro e em duplicado:
a) porque o recém-licenciado ocupou um lugar de alguém que poderia vir a trabalhar na área respeitante e servir o propósito que o criou;
b) porque, provavelmente, o recém-licenciado está a ocupar um lugar no mercado de trabalho que "não é o seu" e que poderia servir a alguém com qualificações até inferiores (caso dos técnicos) o que permitiria maior eficiência ao Estado, sobretudo ao nível dos salários.
Mas há no meio deste cenário pessimista uma noção que podemos rentabilizar e que nos pode dar vantagem: é a necessidade da construção de um paradigma que dê uma maior flexibilidade, uma maior rotação e mobilidade no emprego. A geração da carreira acabou. Não há espaço para lançar âncoras e ficar à espera sentado. A versatilidade exige-se, mas para isso tem de existir uma lei laboral que o permita, bem como um Estado que o possibilite e um mercado que o reclame.
Mas sendo que tudo isto não é novidade para ninguém, porque razão andamos parados? É culpa da CRP ou da mentalidade de todos?