Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Pouca política, mas muito, muito repetida


Por muita razão que tenha o Adolfo quanto à arrogância de Sócrates no parlamento e à forma como se dirigiu a Santana, a verdade é que essa postura lhe dá pontos.
A retórica, em tempos uma arte, deixou de aparecer pela AR a partir do momento em que os deputados deixaram de falar uns para os outros. Até há umas décadas atrás talvez fosse comum assistir a alguns exercícios da mais feliz eloquência, afinal de contas tinham quem os fingisse ouvir: os adversários de bancada. Hoje em dia, ao saberem que são ouvidos cá fora, optaram por descer o discurso à terra. Não porque não fossem entendidos (em parte, talvez), mas porque ninguém estaria disposto a aturar demonstrações exacerbadas da vaidade de cada um dos deputados. O problema é que o pragmatismo exigido não foi correspondido e ninguém se queixou disso, antes pelo contrário, riram-se da novidade. O debate passou do extremo pavão para descer à conversa borracheira de uma tasca. E quanto mais parecido com uma dessas animadas patuscadas em dia de bola ( que eu até gosto bastante, embora não ache piada ao futebol) mais interesse causa nas audiências.
Chegando ao ponto de só ser visto por quem quer ouvir umas ofensas, uns uppercuts oratórios e uns ganchos de esquerda. Tudo o resto, tudo aquilo que seja sobre o diploma ou assuntos em causa, não é para ouvir. Pelo que ganha quem se mostrar mais enquadrado dentro deste esquema e consiga ainda assim, passar uma pequenina mensagem política. Nada de muito extenso e de preferência repetido bastantes vezes. E a verdade é que Sócrates fê-lo melhor que Santana.
|| JMC - João Maria Condeixa, 13:34

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