A perda de Benazir para o mundo tem um peso enorme, quer por causa da tão desejada construção da democracia, quer, numa perspectiva mais táctica, pelo auxílio que poderia constituir nas operações da NATO no Afeganistão. A fronteira entre os dois países, que tem servido de santuário para radicais islâmicos, torna-se agora mais lata e amistosa para as rezas pouco pacíficas a que esses fanáticos nos habituaram. Com esta morte, o Paquistão assume a possibilidade de voltar ao que outrora teve: um forte poder militar ligado ao fanatismo religioso e extremamente permeável a células de organizações terroristas que visam atingir o ocidente e modificar o projecto de estabilidade que se espera naquela região do globo.
A responsabilidade e a pressão que era colocada nos genes de Buttho valeu-lhe a conquista por duas vezes do cargo de primeira-ministra e tranquilizava o resto do mundo, ao ponto deste apostar no seu regresso. Parece-me que aí talvez tenha estado o pecado do ocidente ao olhar para o Paquistão com um olhar demasiado tranquilo, como algo que já estava praticamente consolidado.
Agora teme-se que assim não seja. Teme-se que esta expressão terrorista permita trazer o velho conflito com a India sobre Caxemira, que aproxime o Paquistão do Afeganistão e da Al-Qaeda, que o país passe a jogar o jogo da incerteza a par com o Irão, enfim que se crie novamente o compadrio de uma "stinking-zone".
É por isto que a atenção deve ser redobrada. É por isto que este dia deve elogiar Benazir Buttho.