Nem sempre é fácil estarmos enquadrados. Nem sempre é fácil sentirmo-nos completamente lá. Chego mesmo a pensar que, tal como o diz o anúncio, nos faltará sempre um bocadinho assim para estarmos inseridos nalgum sítio em concreto. A mim pelo menos acontece-me muito:
Sou católico e católico praticante, mas não quero a Igreja no Estado, nem a Igreja em quem não a quer a ela. Acredito nalgumas funções do Estado, percebo quem queira que ele seja pessoa de bem, mas retiro-lhe a maioria das responsabilidades, direitos e deveres que hoje tem, justamente por não acreditar nem nas suas capacidades, nem nas suas intenções.
Acho a sua piada a códigos de conduta e outras tretas e místicas que tais, mas prefiro o mérito a organizações secretas. Gosto de me identificar com um partido, mas com ele discordar; de ter um vício saudável pela política, mas ter dias em que não a posso nem ver. Tirei o curso certo, mas quero ganhar o suficiente para o deixar de exercer.
Tenho um clube de futebol, mas é raro conseguir antecipar um fora de jogo ao árbitro, da mesma forma que é raro beber minis a ver a bola. Não tenho nada contra homossexuais e a tolerância é total, mas não tenciono ser um, tenho reservas quanto ao casamento e total objecção quanto à adopção. Acho simpática a ideia do Rei, mas sou Republicano. Sou pela competitividade, pela eficiência e pelo método, mas o "laissez faire" mediterrânico dá-me um sorriso todos os dias.
A verdade é que nesta confusão, sou feliz assim!
És um bom homem. Um abraço.