Morreu o General Galvão de Melo. Chamavam-lhe o General "Sem papas na língua". Conheci-o pessoalmente faz hoje quinze dias, sem tirar, nem pôr. Tive a honra de ficar a seu lado nas Jornadas da Constituição, onde ele transmitiu a sua experiência na Constituinte. Aos 86 anos mantinha uma clareza e lucidez espantosas. Se soubesse que era a sua última conferência tinha-lhe pedido para se prolongar mais.
A política tem-me dado grandes alegrias e conhecer um homem que teve a coragem de se afirmar numa época em que o medo era uma constante, quer por vias da acção da esquerda, quer por recordações do Estado Novo, foi uma enorme honra. Daquilo que conhecia até há 15 dias atrás, havia muito que discordava e até não gostava, mas daquilo que conheci, com o contacto pessoal, muito mais eu admirei: honra, honestidade e coragem.