Diz-se na gíria que há que ter "veia política" para se andar neste meio. Há que sentir as vontades, perceber as necessidades e construir as soluções.
Parece-me que para um político, além da intuição é necessário trabalhar sobre a realidade, apoiando-se nos dados concretos. E para isso é fundamental fazer o trabalho de casa. Mas quando isso se torna uma obsessão, algo vai mal!
Quando a realidade passa a ser um número passível de ser trabalhado, manipulado ou quando apenas se age sob pressão dos números que nos assustam e preocupam, algo vai mesmo muito mal. É sinal que o político não antevê o problema, nem sente o pulsar do país nem os anseios das pessoas.
O exemplo mais flagrante de cosmética estatística por parte deste governo, reside na educação e tem sido trabalhado até à exaustão. E isso é perigoso.
Mas agora a estatística tomou conta do resto do recado, como se vê no caso da segurança. É ela que passa a ditar as regras, os timmings e a forma de intervenção na sociedade.
Talvez por isso o governo só tenha quebrado o silêncio acerca do um problema que "nem existia", depois de ter lido as declarações do coordenador de segurança sobre um aumento de 10%.Agora que tem uma percentagem, um número para trabalhar, já se sente capaz de adoptar medidas e resoluções que tratem estes números. Mas nada mais que isso: tratar números!
A realidade permanecerá a mesma, vai uma aposta?
Quando alguém lhes falou no risco que era diminuir a admissão de efectivos, não ligaram, agora já se assustam com estes 10%.
Só para refrescar memórias:
Pelas contas do CDS, e se se mantiver a média de saídas da PSP e GNR dos últimos cinco anos, «em 2009 haverá menos 2.475 polícias do que em 2007», já que as 4.725 saídas apenas serão parcialmente compensadas com os 2.250 efectivos que entraram este ano.