O beijo de Judas, Michelangelo Caravaggio Dia 11 de Agosto. Em 1578 morria Pedro Nunes, o matemático que em muito possibilitou os descobrimentos portugueses. Foi, sem dúvida, um dos grandes portugueses. Mas Pedro Nunes era um cristão-novo, epíteto utilizado na altura para classificar judeus convertidos obrigatoriamente ao cristianismo, pelo que os seus netos, anos mais tarde, viriam a ser vítimas da inquisição. E este crime, de que a Igreja actual já pediu inúmeras vezes perdão, resultava de uma Igreja espiritualmente débil, desnorteada, amedrontada que utilizava a arrogância e a força para se impor. Eram as suas derradeiras armas.
Eu, pelo contrário, quero uma Igreja forte, convicta, blindada e sólida nos seus valores. Sem que tal signifique um espírito ortodoxo, longe disso. Mas quero que esses valores, que essa doutrina, assente em francos pilares, seja, estritamente, de e para a Igreja. Para aqueles que a compõem, para a
Ecclesia.
Não quero uma Igreja num Estado, da mesma forma que não quero o Estado no indivíduo. A Igreja no Estado fica sempre perdedora. Põe em causa a sua matriz, cai nos vícios do Estado, interfere nas opções espirituais de outros e no fim dessa relação biológica fica sempre mais fraca. Eu não a quero assim, logo não a quero no Estado. Custa muito a perceber?
P.S. -
Em Fevereiro já tinha falado sobre isto. Desculpem a repetição.
Russel Kirk
É caso para perguntar se também deseja um estado "português" sem portugueses?
Com uma "Direita" assim, nem vale a pena existir uma Esquerda. O algodão não engana!