Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.
domingo, dezembro 30, 2007
Um ZAP no tempo
Realmente Portugal mudou. Marcelo Rebelo de Sousa já tem outro discurso e outras ideias, os portugueses e a Igreja já criticaram a falta de humor islâmico, logo já não têm a mesma postura, a interferência do poder político, embora exista, já é vista com uma maior desconfiança e envergonha quem o faz ou assim pensa fazer. Portugal está menos cinzento e vai conseguindo entender o humor. No fim deste ano até tem piada recordar um episódio destes!
Há muitos anos que peço o fim das telenovelas. Não a diminuição, mas o seu fim total. A verdadeira varridela do mapa. Só que hoje lembrei-me que talvez possa vir a ser um desejo errado. Quem me diz que daqui a uns anos não vai ser o meu único período de descanso?
A perda de Benazir para o mundo tem um peso enorme, quer por causa da tão desejada construção da democracia, quer, numa perspectiva mais táctica, pelo auxílio que poderia constituir nas operações da NATO no Afeganistão. A fronteira entre os dois países, que tem servido de santuário para radicais islâmicos, torna-se agora mais lata e amistosa para as rezas pouco pacíficas a que esses fanáticos nos habituaram. Com esta morte, o Paquistão assume a possibilidade de voltar ao que outrora teve: um forte poder militar ligado ao fanatismo religioso e extremamente permeável a células de organizações terroristas que visam atingir o ocidente e modificar o projecto de estabilidade que se espera naquela região do globo.
A responsabilidade e a pressão que era colocada nos genes de Buttho valeu-lhe a conquista por duas vezes do cargo de primeira-ministra e tranquilizava o resto do mundo, ao ponto deste apostar no seu regresso. Parece-me que aí talvez tenha estado o pecado do ocidente ao olhar para o Paquistão com um olhar demasiado tranquilo, como algo que já estava praticamente consolidado.
Agora teme-se que assim não seja. Teme-se que esta expressão terrorista permita trazer o velho conflito com a India sobre Caxemira, que aproxime o Paquistão do Afeganistão e da Al-Qaeda, que o país passe a jogar o jogo da incerteza a par com o Irão, enfim que se crie novamente o compadrio de uma "stinking-zone".
É por isto que a atenção deve ser redobrada. É por isto que este dia deve elogiar Benazir Buttho.
Quando era miúdo pedia ao pai natal das televisões para passar os filmes que então estreavam, fora do dia de natal, para que os pudesse ver sossegado. Hoje vejo que o pai natal das televisões cumpriu esse meu desejo. Pena que me tenha arrependido e nada me reste senão uns bocejos animalescos.
O ano de 2007 arriscou-se a ser um dos piores anos que já me tinham passado pela pele. Depois de voltas e reviravoltas, deixou de ser mau, mostrando-se apenas ter sido o mais complicado de todos eles. Outros virão e com eles novos problemas irão surgir. Em cirílico ou não, cá estaremos para os resolver. 2008 vira mais que uma página. Fecha mais um volume.
Sócrates com o papel que tem conseguido sacar aos contribuintes através de impostos que prometera não subir, veste a pele de mãos largas em vésperas de natal e atira areia para os olhos de uns quantos. Uns dirão que não é nada e gozarão com isso, outros, na tentativa de proteger o governo, dirão que é o possível e que além disso é o maior dos últimos tempos. Se tiverem hipótese ainda arranjam espaço para dizer que o PSD e o CDS também estiveram lá e não conseguiram tanto.
Eu prefiro pensar que se não tirassem tanto ao fim do mês da carteira de cada português, talvez fosse mais útil este aumento de 20 euros. Talvez servisse para mais. Se os impostos fossem menos graves, talvez fixássemos empresas com capacidade para pagar ordenados mais altos. Talvez conseguíssemos. Se os impostos fossem mais baixos, talvez o tecido empresarial tivesse possibilidade de remunerar melhor os funcionários. Talvez tivesse. E estes se recebessem melhor, talvez gastassem mais noutros lados, noutras empresas, possibilitando melhores ordenados aos seus congéneres. Talvez, digo eu.
E se não tivéssemos sequer de pensar no SMN? Talvez empresas que hoje não existem por não conseguirem abrir portas para este mercado imposto pelo Estado tivessem a sua oportunidade. Talvez alguns desempregados, algumas pessoas que nada recebem, tivessem um pouco de seu ao fim do mês. Talvez assim estivéssemos melhor. Talvez, digo eu.
O problema é: se quem dá e tira vai parar ao inferno, quem tira e finge que dá, vai parar onde?
Sem pintar o quadro de negro, pois não é preciso, está mais que visto que o referendo ao tratado não vai ser participado, não vai ser esclarecido, nem vai motivar ninguém para explicar e compreender a Europa. Preferia que colocassem a referendo se faz sentido a União Europeia ser mais que uma mera associação económica. Isso seria útil, teria resultados e possibilitaria chumbar em grande medida todo o caminho até agora palmilhado. Quanto a este referendo, admito com noção da realidade a que infelizmente me rendo: se não for agora, é mais tarde; se não for desta forma, lá se arranjará outra; se não for com os resultados que querem, será na mesma. Por isso, poupem-me a este fingimento hipócrita de quem quer ouvir a opinião das pessoas e assumam as responsabilidades que lhes compete, sem medos.
Não percebo. No meu carro, um pólo velhinho, foi colocado um papel com um número de telemóvel e com a seguinte frase: "Compro carros usados". Ao lado estava um Porsche Carrera que não teve direito a receber a mesma proposta. É natural que o dono daqueles cavalos todos se tenha sentido descriminado!
Através do meu amigo Frederico soube desta petição on-line. Há um parágrafo que me deixa desconfiado, mas tudo o resto tem razão de ser, pelo que já lá fui deixar o nome. Quem quiser dar uma palavrinha à ASAE é só ir aqui. Pode não adiantar muito, mas que dá prazer, dá!
É bom saber e ouvir de outras barricadas que Paulo Portas esteve bem no confronto de hoje na AR. Sócrates certamente que achou o mesmo. Ainda que não tenha gostado.
Quinze dias sem postar parece uma eternidade. Quando o autor tem menos tempo quem tira férias o blogue. É assim com este e com todos os outros. Mas aqui houve também uma franca falta de vontade de postar. Nada de muito inspirador se passava e nada inspirado me sentia. Precisei de arrumar umas ideias, outros projectos, outras linhas e acabei por me demitir momentaneamente desta casa. Mas estou de volta. Agradeço aos que reclamaram este desmazelo e a eles lhes dedico este post. Obrigado e até já!