Axónios Gastos - fibras condutoras ou prolongamentos de neurónios que se encontram já consumidos.

domingo, maio 25, 2008

Era para abastecer de ISP, sff...

Vai por aí uma enorme agitação - que de resto até é compreensível - sobre os preços dos combustíveis, a interferência fiscal, as posturas mais ou menos liberalizadoras e os respectivos esqueletos nos armários que cada um dos intervenientes políticos "ganhou" em experiências anteriores.

A respeito deste último ponto, quem acaba por ter um esqueleto menor, é mesmo o Governo PSD-CDS, que embora não tenha liberalizado o mercado na verdadeira acepção do termo, uma vez que se manteve a golden share na Galp e a poderosa intervenção fiscal, que apenas dá uma margem de 40 e tal por cento para o mercado operar, ainda assim, foi quem caminhou no bom sentido.

E de nada vale ir buscar o argumento de aumento dos preços com a vinda da liberalização, pois é necessário perceber que também desde essa altura se assistiu a uma subida de 250% do crude (a 20.03.2008), pelo que seria impossível, por exímia que tivesse sido essa liberalização - e reforço que não foi - não aumentar os preços.

Quanto a interferências fiscais e posturas mais ou menos liberais, importa perceber o seguinte:

Este cenário é extremamente apetecível para um Estado, sobretudo para um que seja Socialista. É que, como sabemos, a procura de combustíveis é praticamente inelástica, isto é, não sofrerá grandes quebras com o aumento do preço, uma vez que não se lhe conhecem alternativas à altura que permitam uma opção, pelo que o Estado sabe que assistirá, eventualmente, a um ligeiro abrandamento, mas que no todo, a procura global manter-se-á em crescimento. E isto vai também um pouco de encontro ao que o Rui Albuquerque explica no Portugal Contemporâneo.

É assim, quase de forma gulosa e egoísta, que o Estado se apercebe que manter o nível de 60% sobre os combustíveis é extremamente confortável e muitissimo proveitoso para a sua bolsa.

Somando a isto, se pensarmos que em consequência deste aumento do preço dos combustíveis, existirá um aumento de todos os produtos - quer de luxo, quer de primeira necessidade - quem irá conseguir recolher maiores dividendos continua a ser o omnipresente papão que é o Estado, pois através do IVA, irá recolher uma maior maquia resultante da sua percentagem habitual. E também aqui está seguro, pois dos produtos de primeira necessidade ninguém abdica e embora existam várias opções, todas elas contribuem igualmente para o Estado.

No fim, quem acaba mesmo por ser encostado à parede é o contribuinte que ao perder poder de compra, perde qualidade de vida e margem para a poupança, pelo que recorre muitas vezes ao crédito que embora lhe saia mais caro, acaba muitas vezes por ser uma escapatória com um precipício anunciado.

Entretanto, nesta cadeia gigantesca de ligações, quem vê a sua procura diminuída são os chamados bens de luxo, que normalmente são os primeiros a sentirem o embate, daí que eu tenha dito que este cenário satisfaz particularmente um Estado socialista: em primeiro lugar porque amealha e absorve tudo à sua volta e em segundo porque vai caminhando para a igualdade social, como é seu apanágio, mesmo que o faça por baixo, isto é, pelo empobrecimento de todos!

Daí que baixar o ISP seria uma boa solução para o não agravamento desta situação. E se em simultâneo se estancar o processo de combinação ou cartelização dos preços, passando a existir uma margem maior para o mercado trabalhar livre, correcta e honestamente, aí o futuro talvez seja mais risonho. Pois até agora e não nos esqueçamos disto, ele só trabalha em 40% daquilo que o Estado lhe permite. E no que dá, sobretudo em altura de subidas do crude e sem que exista um árbitro imparcial? Na cartelização que em parte sentimos na pele!

Mas há quem pense de outra maneira. Pois eu, julgo que estúpido é pagar de ISP o que actualmente pagamos, sobretudo quando ele serve para "cobrar ao utilizador o custo das infra-estruturas públicas e para financiar a despesa do Estado."

|| JMC - João Maria Condeixa, 19:10 || link || (0) Comentários |

quinta-feira, maio 15, 2008

Onde isto já vai...

Apesar do abandono a que tem sido votada aqui a casa, estou a cento e poucos posts dos 1000 e a mil visitas de um total de 100 000! Quando comecei não esperava chegar aqui...vamos ter que festejar à grande e à francesa!Preparem-se!
|| JMC - João Maria Condeixa, 23:31 || link || (0) Comentários |

Mind the gap (2)

Miguel, não é por não ter um megafone na mão ou por não gostar de andar de punho cerrado que deixo de estar habilitado a ver as assimetrias que existem. Também tenho olhos e também vivo neste mundo. A perspectiva e como encaro o problema é que poderá ser diferente.

Os ricos criarem riqueza não devia assustar ninguém. A mim, até me parece um contra-senso que certos partidos e pessoas falem de desenvolvimento económico e depois assumam posturas como esta de Vital Moreira. Como se as assimetrias se tivessem que limar por (ou para!) baixo.

A preocupação não deve recair sobre a riqueza criada, mas sobre a pobreza agravada. E aí, devido a vários factores de engenharia financeira e social, inúmeros artifícios para dissimular realidades, sejam eles sobre preços ou produções (só agora é que se começam a aperceber das experiências catastróficas sobre o mundo rural), infinitas cosméticas às tão desvirtuadas estatísticas ou outras máscaras que o Estado-providência se tenha lembrado de criar, é natural que tenha parte da culpa!

As desigualdades existem e hão-de existir sempre, não vale a pena sermos cínicos (nem deixar de fumar de um momento para o outro)! Só que ainda assim é preferível não inventar sistemas que tresandam a pó-de-arroz e que tendencialmente só irão agravar a situação. E esta ideia de não chumbar ninguém nas escolas deste país é enganadora e no final, chega a ser perversa, como já mostrei!

|| JMC - João Maria Condeixa, 22:03 || link || (1) Comentários |

terça-feira, maio 13, 2008

Mind the gap

Aqueles que se apresentam como os máximos defensores da igualdade, são, justamente, os responsáveis pela criação das maiores assimetrias. Até aqui nada de novo. Mas se pensarmos nesta nova possibilidade de não existirem faltas, nem chumbos no Ensino Público, ficamos com a nítida percepção da forma como essas diferenças se vão agravar: eu não vejo entidades empregadoras a premiarem o facilitismo, a falta de rigor ou o desconhecimento face à avaliação, apresente-se ela sob a forma de prazos, projectos, resultados, o que for.

Assim somos obrigados a pensar: quem irá manter esse espírito que interessa às empresas? Quem passará a ser o único a desenvolver ferramentas que permitam ultrapassar os obstáculos?
As escolas privadas.

E quem tem, habitualmente, maiores possibilidades de frequentar essas escolas? Quem, já partindo folgado, passará a ter nova mais valia para o mercado de trabalho?
Aqueles que têm melhores condições económicas.

Perceberam agora o primeiro parágrafo?

|| JMC - João Maria Condeixa, 23:31 || link || (0) Comentários |

segunda-feira, maio 12, 2008

O Bloco não brinca...

O Bloco, apesar das razões que o Rodrigo Saraiva apontou e que justificavam à partida o convite a Belém, saiu por cima! Se bem reparei, ao ver o telejornal na diagonal, o BE foi o único a fazer passar em horário nobre as suas ideias sobre juventude e sobre o afastamento dos jovens da política.

E fê-lo aproveitando-se da mesmíssima razão que levou ao seu aparecimento e crescimento: o menosprezo por parte dos outros intervenientes políticos!

|| JMC - João Maria Condeixa, 22:42 || link || (0) Comentários |

quarta-feira, maio 07, 2008

To be or not to be?


Perante a pergunta "o que faria diferente de José Sócrates?", Manuela Ferreira Leite chutou para canto com um chorrilho de chavões e lugares-comuns da política. Aquilo que a inexperiência leva muitos a fazer quando se deparam com uma pergunta que não preparam, nem estudaram para um debate.

Só que aqui a responsabilidade era acrescida e MFL não podia cair nesse erro: primeiro, por ter, desde já, e não sei como, que se distanciar de José Sócrates e esta, enquanto sua primeira aparição televisiva, tinha uma grande carga de expectativa depositada, sobretudo na forma como iria lidar com esta questão; Segundo, por ser eventual candidata a Primeira-Ministra e por não poder responder da mesma forma que um qualquer nervoso e menos experiente dirigente de uma juventude partidária.

Não podendo ser diferente de Sócrates, não conseguindo mostrar-se em divergência concreta com este rumo, Ferreira Leite optou por transmitir a imagem de quem não tem segurança e convicção na direcção a tomar. Não sei o que será pior...
|| JMC - João Maria Condeixa, 23:25 || link || (0) Comentários |
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