Rebobinar soa a exercício difícil se o fizermos apenas com base na nossa memória. Não que seja impossível, mas cansa e, inevitavelmente, perdem-se no mar de recordações uns quantos acontecimentos importantes.
Ainda assim, nunca fui apologista de diários. Nunca tive um e confesso que me irritava um bocado quem os tinha. Sempre os associei, vá-se lá saber porquê, a senhoras de meia idade viciadas em calmantes, inveteradas fumadoras de
cigarrilhas com boquilha e enrugadas proprietárias de um irritante e frisado
poodle. Como vêem a imagem não é abonatória para os diários.
Mas com um
blogue dei por mim viciado em descrever aquilo que ia vivendo. De um início distante e calculado que tentava - e mal - tocar a actualidade política, a um fim descontraído, mais
intimista, muitas vezes sem rede, que ia ao mais variados temas - desde que tempo existisse para eles - assim foi o caminho nestes 4 anos.
Desde
este envergonhado começo, voei rápido
sobre as tropelias de Santana e a decisão de Sampaio; vi partir um
grande Homem; vivi uns quantos e diferentes momentos no
CDS e na JP ao longo dos 4 anos; lamentei a evolução - qual evolução? - da antiga Constituição, hoje Tratado de Lisboa;
assisti e fui, também, denunciando as avarias, distorções, confusões e
propagandas de Sócrates; vi a chegada de Cavaco; espantei-me com a subserviência da Europa ao Maomé
cartoonizado; discuti o aborto e ainda
não me esqueci, nem me resignei com o resultado; com este
blogue fui criando uma aversão às novas, ridículas e extremadas regras que a Europa foi começando a absorver e dei por mim a ficar, paulatinamente e por via da própria
blogosfera, fã de um liberalismo contrário a essa tendência; vi
blogues nascerem e outros tantos partirem, como hoje acontece com este; vi comentadores residentes desaparecerem e com eles levarem os insultos e afrontas que me davam alguma motivação para continuar o despique, admito.