Sócrates, ao falar em pleno Nordeste Transmontano sobre a desertificação do interior, referiu que irá apoiar a 100% o transporte das crianças cujo as escolas serão encerradas. Sendo que das 38, irão encerrar 30, o apoio terá, certamente, um custo avultado. Ainda assim, mais baixo que a manutenção das ditas escolas. No entanto, será que compensa a perda do proveito social e de combate à desertificação? Será com a dita poupança que se irá construir a primeira auto-estrada do distrito e assim minorar a desertificação?Não creio. Vejo maiores potencialidades num miúdo a aprender a tabuada em Vila Boa de Ousilhão, do que na redução dos custos resultante do desaparecimento dessa realidade. É preciso ter cara de pau, ou neste caso "careto de pau", para falar numa coisa e propôr outra...
Não, não é um prato chinês, mas sim uma verdadeira família feliz que conseguiu arrecadar todos os bónus possíveis à segurança social. Vejam os seus rostos e digam lá se aquilo não é expressão de quem foi bem recebido pela segurança social sustentável?
Mas esta ideia, será socialista ou terá raízes na direita, que ainda assim ambicionava um paradigma mais inovador? Muito se falou sobre a (in)sustentabilidade do sistema actual, mas grande parte das soluções apontadas (e a vertente privada foi uma das mais importantes) não viu a sua hora de entrar no palco...Ainda assim, aguardamos para ver o desenrolar dos próximos capítulos, não vá dar-se um retrocesso brusco, derivado da concertação social que presa a amarras da esquerda, inviabiliza, tal constituição, a partida desta nau portuguesa para ventos favoráveis.
O que nos move na presente moção, não é o “tem de ser”, não é o formalismo, nem é a tradição. Move-nos a consciência de que temos de edificar uma geração crítica, ampla no debate, rica em conteúdos e dinâmica na acção.
Pertencemos a uma nova geração, uma geração de futuro que poderá dar muito a Portugal. Sentimos a necessidade de a representar, de garantir e indicar um rumo, de estimular a sua participação. Assim, temos de dar o exemplo, assim, temos de escorar o futuro!
Poderíamos ter seguido um caminho mais simples e menos turbulento. Mas se sentimos a responsabilidade e o chamamento de toda uma geração que grita por identidade, tínhamos de optar por quebrar com a desconsideração e fortalecer o CDS-PP com a nossa opinião, apresentada em igualdade de circunstâncias.
Se temos ideias e se achamos que elas têm valor, apenas a uma avaliação paritária nos poderíamos submeter. Devemos isso à nossa geração e ao futuro que sonhamos para Portugal.
Somos pelo respeito e pelo debate e é esta moção, um instrumento perfeito para demonstrar que um não é adversário do outro e que existe estreita possibilidade de conciliar os dois.
Não temos um projecto partitivo, nem uma ideia insolente ou megalómana, apenas acreditamos que a realidade pode ser melhorada e que merece que participemos nela.
Portugal está hoje preso por amarras da esquerda, onde o espírito destrutivo das nossas raízes democratas-cristãs e personalistas, vai saindo do seu casulo. Os socialistas alcançaram o poder de uma forma, mas a sua idiossincrasia não lhes permitirá aguentar muito mais tempo nesta pele. O executivo irá mudar de estratégia e aqueles que na esquerda estão sempre contra tudo e contra todos, não perderão tempo para os ajudar no ataque aos valores da direita. Temos de estar preparados para esse combate cultural, ideológico e doutrinário. O CDS-PP tem de atempadamente construir o seu projecto, assente em sólidas bases e ágil na sua articulação.
Acreditamos num novo paradigma com tudo o que de bom existia no velho, onde os efeitos de conservadores e liberais se façam sentir de forma equilibrada, almejando sempre o desenvolvimento sustentável de Portugal.
É incompreensível que uma nação tão pequena espacialmente, se mexa como um paquiderme na sua administração pública.
Queremos um Estado mais leve, menos interventivo, capaz de responsabilizar os seus cidadãos e neles incrementar espírito de produtividade, mas que em simultâneo, fomente uma cultura de exigência nos seus eleitores. Pois, nem tudo neste Estado pode arder sem que ninguém se queime. Tem de existir responsabilidade de parte a parte.
Mas esse Estado, que tem de promover riqueza de uma forma ágil, onde empresas fortes sirvam de locomotivas, não poderá nunca esquecer a parte humana, devendo sempre acautelar os mais desfavorecidos.
A pobreza não se combate com mantas de retalhos ou subsídios personalizados, combate-se tecendo uma longa teia de iniciativa privada que crie postos de trabalho, exporte a nossa qualidade, garanta rendimentos seguros e galvanize o espírito cinzento que os portugueses atravessam.
E para isso não podemos esquecer quem está na base. O sector primário não poderá nunca ser ostracizado. Por muito que o rótulo de subsídio-dependentes tenha sido colocado nos produtores agrícolas, nunca o CDS-PP poderá esquecer que não foram eles que criaram esta Política Agrícola Comum.
A PAC descontextualiza Portugal do panorama agrícola Europeu e a competitividade nesta área nunca será possível enquanto as regras não forem adequadas às características de cada nação. E se as causas edafo-climáticas constituem um risco para estes produtores, e que por isso devem ser auxiliados, o desaparecimento destes constitui um crasso risco de desertificação para o país.
O combate à interioridade tem ser assumido como uma prioridade. Para nos enquadrarmos de igual para igual num âmbito europeu, temos primeiro de limar as assimetrias internas. Há que apostar nas zonas onde o retorno é mais significativo e não um oásis como tem acontecido até hoje. O país tem de avançar em uníssono e as estatísticas não nos indicam tal procedimento.
Há que reforçar, então, apoios a empresas para se fixarem no interior. Há que auxiliar instituições de desenvolvimento e Universidades que rebocam toda uma população fixada no interior. Só assim teremos um progresso consistente, uma educação abrangente e um país coeso.
Já a educação também carece de atenção redobrada, não apenas pela sua pertinência no futuro do país, mas sobretudo, pela esponja financeira que se tornou sem se sentirem resultados. Talvez sejam necessários mais fundos ainda, mas para já, há que impor rigor e qualidade com o que temos. De nada serve investir, quando os efeitos não se fazem sentir.
Como em tudo a exigência, responsabilidade e rigor tem que começar pela base. Um bom sistema no pré-escolar tem de ser alcançado e se possível de forma a criar entre jardins de infância, uma economia de mercado, que com base na concorrência, estimule a descida dos tão inflamados preços. A família já está desprotegida em muitas áreas, não conseguindo suportar os custos que lhe exigem.
No ensino Secundário, temos de continuar a senda de criar uma flexibilização na aprendizagem, de forma a possibilitarmos uma diminuição do insucesso e abandono escolar e em simultâneo uma escolha consciente no acesso ao Ensino Superior.
O Ensino técnico-profissional tem, obrigatoriamente, de ser encarado sem desprimor e como uma realidade com futuro no mercado de trabalho. A escassez de quadros médios contribui em muito, para a falta de pessoal especializado, bem como, devido a esse défice, para a criação de economias paralelas difíceis de combater e que em nada contribuem para a criação de riqueza nacional.
No Ensino Superior a exigência é a mesma, apenas apresentada em contornos diferentes. Rigor: tem de existir na gestão dos orçamentos concedidos às instituições; tem de existir na aplicação do tratado de Bolonha; tem de existir na regulação dos Numerus Clausus (que, por exemplo, tantos danos causam no número de médicos em Portugal); por fim, tem de existir rigor na avaliação, que se quer isenta e consequente, dos cursos administrados e instituições existentes. Responsabilidade: tem de existir na criação de cursos e disciplinas, mesmo que do ponto de vista financeiro possa parecer atractivo, pois, tal como se tem comprovado, a médio prazo as galinhas dos ovos de ouro acabam; responsabilidade, tem de existir também nos docentes, quando leccionam, que deviam primar pelo culto da eficiência e dedicação, bem como nos discentes, que muitas vezes extrapolam nas suas atitudes. Exigência: tem de existir na atitude, quer devido à competitividade imposta por Bolonha, quer influenciado pelo mercado de trabalho, mas também porque só assim se mudam e despertam mentalidades.
E se nessa mudança de mentalidades tivermos a preciosa ajuda da célula mais importante da sociedade, melhor! É por isso que a família, pelo seu desempenho na formação do indivíduo, pela sua mais-valia, enquanto garante de segurança e não-violência, deve a todo o custo ser protegida. Tem de ser apoiada e todas as questões éticas, passíveis de a modificar, têm de ser combatidas pelo CDS-PP.
João Maria Condeixa
O
AA, que tanto tem focado, e bem, a intervenção do estado na esfera privada através da qualidade, pareceu-me não ter concordado com o post anterior. No entanto, não entendo a razão. Também eu questiono esta
mão visível (apesar de supostamente camuflada), que cria lentamente um mercado virtual, capaz de perverter a própria concorrência natural! Também eu me interrogo de certas normas que vêm calcificar a flexibilidade da interacção entre consumidores e produtores/serviços. Tal como já aqui tinha dito, antevejo o uso da qualidade como utensílio útil ao combate à direita liberal... o que me preocupa!
No entanto, enquanto consumidor e admirador do mercado perfeito (que não é necessariamente aquele que estou a tratar), onde todos os agentes (os dois já aqui falados) conhecem e trocam toda a informação, sinto utilidade na intervenção da
ASAE. Pois, se por um lado a sua intervenção pode ser apelidada de
"gestapista", também temos de reconhecer que apenas ela consegue trazer à tona a realidade que o consumidor paga! Isto porque se o utilizador paga um determinado produto, confiante em determinados parâmetros de qualidade e esses parâmetros (escondidos do olho nú, excepto da ASAE) não estão presentes, então essa relação também está adulterada.
No fundo tem de existir mínimos em tudo, numa perspectiva de que a liberdade de um começa, onde acaba a do outro. Não poderemos nem estimular a acção desmesurada da ASAE, nem deixar de lhe ver utilidade. Era isto que, de forma leviana, tratava no post abaixo.
Há muito que admiro o país do sol nascente. Por várias razões, mas principalmente pela mentalidade que muitos consideram gelada e que eu prefiro ver como eficiente, pragmática e estimulante. Pois agora, o Japão compromete-se a pôr, não sobre rodas, mas sobre carris, o projecto das pilhas de combustível. É, talvez, um pequeno salto tecnológico, mas um enorme vôo no paradigma energético e ambiental e sobretudo nas mentalidades.
Em 2007, o Japão terá um comboio a pilha de combustível.
Torna-se o primeiro a evoluir. Dá o primeiro passo no sentido contrário às energias não renováveis, abre um nicho que poderá aproveitar e liderar, mas acima de tudo constrói um novo ser humano. Um humano realmente auto-sustentável e auto-preservável.
A pilha existe há muito, salvo erro fruto da evolução militar, no entanto as amarras financeiras sempre impossibilitaram países avançados de aplicarem tal projecto. Muito menos nos transportes, ainda por cima colectivos. Extrair petróleo a preços baixos e vendê-lo a preços aliciantes, sempre é mais rentável. Para além disso, os custos de implementação da pilha são elevados e o retorno ambiental não faz parte dos cálculos quando se estimam os proveitos, daí não ser tão apetecível. Mas os cenários parecem mudar. Se houve a corrida ao ouro e ao petróleo, certamente que existirá a corrida às energias alternativas. Pode tardar, pode demorar, mas o Japão já se qualificou em bom lugar na pole-position.
Para compreenderem melhor a potencialidade da pilha de combustível, enquanto fenómeno inverso da electrólise, ou seja, gerador de electricidade e vapor de água quando combinados hidrogénio e oxigénio (este capturado do ar),
deixo aqui este link.
Totus Tuus
Todo Teu. Assim se considerou João Paulo II perante Maria. Assim nos poderíamos considerar nós perante ele. Todo Teu. Todos Teus. Todo Nosso. Sim , porque ele não foi mais senão Nosso.
Pela primeira vez na história da Igreja Católica, cada nação, cada povo, cada religião, cada credo, cor ou sistema político pôde dizer que teve um pouco do Papa. Teve-o graças à união que ele concebeu. Teve-o graças à luz que ele germinou entre povos rivais. Teve-o graças aos alertas que enviou sem olhar a quem. Mas teve-o principalmente porque, como até então nunca visto, beijou a terra que cada um de nós percorre e mostrou a Humanidade que em Sua Santidade existia.
Revelou-se Humano, revelou-se sofredor, revelou-se simples na devoção e mostrou o quão fácil e necessário é fazê-lo. Revelou Deus e revelou Cristo através de Nossa Senhora.
Muitos há que dizem que ele, tal como Cristo, percorreu um longo calvário e não desceu da cruz, mostrando através do seu sofrimento a importância de Deus em nós. Eu acho que ele desceu. E sempre que desceu acariciou uma criança, tocou o coração de um rico ou confortou o coração de um pobre. Sempre que desceu deu o seu sorriso generoso, franco e bom àqueles que da alegria se tinham já esquecido.
Hoje todos o choram. Hoje todos relembram que à medida que a sua luz findava e que a sua voz e mãos trémulas davam a benção, crescia o seu espírito nos nossos corações. Hoje é o seu funeral e o mundo compreende agora as vezes que lhe falhou. Compreende agora que arquinimigos podem conviver no mesmo espaço se algo transcendental existir e lhes apaziguar a alma, bastando para isso corresponder aos ensinamentos que tão generosamente João Paulo II deixou e que no fundo eram simplesmente a mensagem de Jesus Cristo.
É isso que falta ao mundo, uma âncora. Uma referência superior. Um pilar sólido que preencha o lugar da mágoa, da dor, do ódio, da inveja, da ganância e que se reflicta em compreensão, serenidade, compaixão, solidariedade, amor e fraternidade.
Será para o resto da minha vida, este o significado de João Paulo II. O símbolo da denuncia de ideologias que neguem a importância de Deus. Foi isso que aconteceu com a Rússia, com o fim do comunismo e o mesmo se terá passado no pólo oposto aquando do aviso aos EUA e ao estilo de vida vincada e desumanamente capitalista. Sempre denunciando, sempre trabalhando para a posterior reconversão. É este o espírito que guardo na memória, o de alguém que tão humanamente demonstrou a importância de ter Deus nas nossas vidas como prioridade.
Mas apesar de reconhecer essa sua filosofia característica, penso nas vezes que lhe falhei. Nas vezes que o escutei e não segui. Nas vezes que duvidei e não me entreguei. Nas vezes que pensei que a sua imagem estaria comigo eternamente e adiei o nosso encontro. Hoje terá partido, mas felizmente a sua vida não fica por aqui, apenas está mais alto, mais longe, mais tímido, mas comigo na mesma.
Viveu com as mãos repletas de sonhos e obras concretizadas, mas partiu com a humildade de quem as levava vazias.
Agora, nada mais simples que nos despedirmos a rezar. Todos. Uma Igreja, um Mundo, por um Santo Padre que na sua morte cumpre o que sempre idealizou, a união. E no seio dessa gigantesca união de Igrejas, sempre um espaço para a despedida individual, para a despedida pessoal...
Eu despedi-me!
João Maria Condeixa